sexta-feira, 24 de abril de 2015

O largo da Palma.


O Largo da Palma




Um palco para as histórias do povo
As narrativas presentes em "O Largo da Palma" têm como ponto referencial este famoso espaço urbano de Salvador, o Largo da Palma. Os primeiros quatro contos são permeados pelo cheiro dos pãezinhos de queijo que são vendidos em uma venda próxima à Igreja da Palma. A igreja, o Mercado Modelo, o Jardim de Nazaré e outras referências espaciais são usadas para construir um mapa de uma cidade quase onírica. 

A Salvador que aparece em "O Largo da Palma" não é a cidade das lutas sociais, das diferenças entre raças e outros embates socioculturais. O que vemos nos contos desse livro é um cenário onde a classe média-baixa, os velhos, mendigos, imigrantes e a província empobrecida ganham foco. Porém, apesar desse cenário onde o que se tem destaque é a pobreza material do povo que ali vive, constrói-se através de uma linguagem lírica um ar esperançoso para as angústias de quem ali vive.

Outra característica dos contos presentes na obra é uma certa humanização do Largo da Palma, como por exemplo a igreja que era “humilde e enrugadinha” e que testemunhava tudo o que ali acontecia com sua “curiosidade de velha muito velha”; ou então as “ruas pequenas e estreitas tentam se ocultar como envergonhadas”. Dessa forma, cria-se um lugar quase mítico, que não fica alheio aos problemas das pessoas que vivem ali, mas, pelo contrário, torna-se parte ativa na vida das pessoas dali, sofrendo, sentindo, amando.

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